segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Retrato de um coração negado

Sou aquele que infinitos sofrimentos padeceu
aquele que na vida quis ser Romeu
mas vestiram de bobo
aquele que velho
aspira a ser novo
mas nunca o será
aquele que nasceu sábio
e na ignorância morrerá

Sou aquele que muito gastou a mão a escrever
mas que nunca experimentou o prazer
de ser amado por alguém
aquele que é gente
mas conhecem por ninguém

sou aquele que chora lágrimas negras
que pertence aos poetas
mas talvez aos desgraçados
aos mendigos e aos manetas
sou o rei de quase tudo,sou o dono de quase nada
sou assim incerto
um humano escorraçado
aquele que nem o diabo
aceita como inclino

Sou o imperador dos aflitos
aquele hipócrita que vive
e que por tantos amigos que teve
nenhum perdoou um deslize
assim ficou
preso ás palavras,ás silabas que tais
amarrado á escrita e ás vogais
sendo homem de pensamentos liberais
mesmo assim ingrato
talvez infeliz
talvez inato
talvez pelo tormento e pela desgraça
só o sabe Santa Maria da Graça
que leva no seu peito
esse meu segredo

Sou assim...
eterno doutor dos tormentos
guardando a sua paixão numa caixa de ferro
prendendo o coração louco quase enfermo
para não demonstrar os seus sentimentos
e assim serei ...
um sonso que pensa de mais
um inculto que despensa jornais
príncipe da magoa e da intriga
sou eu sim
um demente
que é pouco para descrever
o que passa aqui neste corpo
que ninguém sente
o que em mim acontece
nem nunca entenderão
a minha alma e minha pele.

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