ó verso, espada ardente que declamo
sem rei,dono nem amo
nem autoridade formal
sai apenas deste peito que coxeando
anda vielmente brincando
com os espinhos do roseiral
e se picando
lambe o sangue que recolhe com divino desgosto
faz desse seu único alimento
sua carne,seu sal,seu mosto
Pois tentei encontrar razão
uma simples noção para poder explicar
que estranha coisa é esta que me tem andado a devorar
como bicho perigoso que me tem estado a ferroar
mas nem a mente
(que a tenho bem presente)
ma soube dar
disse que era delirio
de um homem que só sabia pensar...
Deixei-me de devaneios e comecei a conjecturar
o fruto venonoso que aquele sintoma tinha provocado
devia de ser de uma de uma flor ou causa de algum pecado...
Mas breve luz se acendeu
em pequenito cranio que deus me deu
e finalmente sobe o que era
esse mal meu...
Tinha sido atingido!
estando desprevenido
para tal sentimento
mesmo assim o malvado do cupido
tinha-me acertado e feito grande ferimento!
É amor,minha gente
De que vos fala
Este grande maldicente!